As quedas são a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos no Brasil, e 70% acontecem dentro de casa. E mesmo que não provoque a morte, a queda pode trazer consequências graves para os idosos, incluindo fraturas, internações, redução da independência e depressão.

Dados do Ministério da Saúde mostram que cerca de 30% das pessoas nesta faixa etária caem ao menos uma vez por ano. Do total, cerca de 25% precisaram ser hospitalizadas.

Alguns cuidados podem reduzir o risco de quedas e acidentes, como manter uma boa iluminação em todos os cômodos da casa, evitar usar produtos que deixam o chão escorregadio, colocar protetor de borracha nos pés das cadeiras, revisar o uso de medicamentos que causam sonolência ou tontura, priorizar móveis com cantos arredondados e, em caso de necessidade, usar bengalas e outras proteções que facilitam o deslocamento.

A preocupação faz parte da nova rotina da jornalista Paula Pita, que passou a conviver com a avó Valdelice, de quase 90 anos. Ela afirma que uma situação de morte na família em função de queda aumentou ainda mais o alerta em relação à idosa.

“Desde que minha avó veio morar comigo, passei a ter uma preocupação em relação à disposição dos móveis aqui em casa, para que eles não sejam obstáculos que impeçam o deslocamento dela. Também fico atenta para que não tenha nenhum objeto espalhado pelo chão. Recentemente tive um tio que faleceu por conta das complicações de uma queda de escada. A partir disso, mais do que nunca eu passei a ficar ainda mais atenta em relação à segurança de minha avó”.

Diante de tantos obstáculos no cotidiano que podem provocar a queda de idosos, inclusive em casa, a atuação da família passa a ser fundamental na prevenção do problema, como indica a geriatra Fernanda Reis. A especialista explica que, além dos prejuízos físicos, esses acidentes domésticos também trazem outras consequências a médio e longo prazo.

“Inicialmente nós nos preocupamos com a repercussão que o evento possa ter trazido, com lesões graves como as fraturas e os traumatismos crânio-encefálicos. Mas as consequências não param por aí. Mesmo que aquele indivíduo que não sofreu lesão física, uma condição muito comum é a que nós conhecemos como síndrome de ansiedade pós-queda, ou medo de cair. Esta condição psíquica faz com que o idoso diminua suas atividades que antes realizava, sua socialização, aumentando assim o risco de depressão e sedentarismo. Temos então um ciclo vicioso, em que o aumento da inatividade acarreta em uma piora da perda muscular, que consequentemente aumenta ainda mais o risco de novas quedas”.

Fernanda Reis explica que o uso de diferentes medicamentos, que é comum nesta fase da vida, pode provocar quedas principalmente após a troca de dosagem. Além de revisar esse uso com auxílio de um médico, o idoso também pode ser motivado a praticar atividades físicas para fortalecer a musculatura.

“O sedentarismo é um grande fator de risco, e uma forma de prevenir seria o estímulo à realização da atividade física, principalmente os exercícios de força. Por exemplo, a musculação e o pilates, que acaba englobando flexibilidade e equilíbrio. Outro exercício é o tai chi chuan, que apesar de não ser muito difundido no nosso meio, é uma das atividades mais bem estudadas para prevenção de quedas. Nós devemos ter em mente, no entanto, que o mais importante é que se leve em consideração a preferência pessoal para que aquele idoso tenha uma boa adesão”.

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