Comemorado em 7 setembro, o Dia da Independência do Brasil recorda o grito de independência às margens do rio Ipiranga, proclamado por Dom Pedro I, mas esse marco nem sempre foi comemorado na mesma data. Devido às dificuldades de propagação das informações, a população só ficou ciente do feito em 12 de outubro, dia em que Dom Pedro I se tornou imperador do Brasil e dia do aniversário do monarca. Confira algumas curiosidades sobre a data:

📌 Independência ou morte!

E se a frase mais famosa que você teria dito, não tivesse sequer sido proferida? É o que pode ter acontecido com Dom Pedro I. Ou, talvez, o famoso brado “independência ou morte” tenha sido parte de uma frase bem maior.

O que se falou exatamente em 7 de setembro de 1822, só quem estava lá sabe. Ao receber várias cartas no caminho entre Santos e São Paulo, Dom Pedro decidiu tomar a decisão de romper os laços do Brasil com Portugal. “O pomo está maduro, colhe-o já”, escreveu a Princesa Leopoldina.

Padre Belchior de Oliveira, conselheiro de Dom Pedro, estava lá em 1822 e no seu depoimento escrito, em momento algum, lembra-se do famoso “independência ou morte!”. Para o padre, Dom Pedro teria dito algo assim, “Nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil para sempre, separado de Portugal”.

Já o alferes Canto e Melo, irmão de Domitila, futura Marquesa de Santos, escreveu posteriormente que Dom Pedro falou em alto e bom som, “Independência ou morte! Estamos separados de Portugal!”.

A comitiva de Dom Pedro era pequena. No máximo, 14 pessoas e outra testemunha dos fatos, o Coronel Manuel Marcondes lembrou-se que o grito que ficou marcado para sempre, foi, na verdade, tirado de uma frase bem maior proferida pelo príncipe-regente. “Brasileiros! A nossa divisa de hoje em diante será Independência ou Morte! E as nossas cores, verde e amarelo, em substituição às das cortes”.

📌 Como o grito do Ipiranga foi retratado

Independência ou Morte, também conhecido como O Grito do Ipiranga, é o quadro que retrata o momento único da ruptura entre Brasil e Portugal. Mas a pintura de Pedro Américo foi feita 66 anos depois da Independência (1888) e com muita dose de imaginação para recriar a história brasileira, quando ninguém mais estava vivo para contar como realmente tinha sido o cenário às margens do rio Ipiranga.

Há várias licenças poéticas na obra, inclusive o fato de substituir as mulas por cavalos de raça. Os guardas não estavam usando uma farda tão pomposa. Os Dragões da Independência só adotaram o uniforme da pintura mais de 100 anos depois.

Mesmo assim, o retrato oficial da nossa Independência passou a ser este, como se tivesse sido capturado no momento exato, às margens do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822. E pelo trabalho, Pedro Américo ganhou 30 contos de réis do Império brasileiro. Sinal de que sua idealização agradou em cheio o Imperador Dom Pedro II.

📌 Quem assinou?

Quando se fala em independência do Brasil a imagem que tem é que apenas Dom Pedro I tratou dos trâmites para efetivá-la. Gritou, assinou, promulgou. Nada. O decreto da independência, na verdade, foi assinado por Maria Leopoldina, sua mulher. Isso porque em decreto de 13 de agosto de 1822 ele a nomeou como Chefe de Estado e Princesa Regente interina, já que precisava viajar à província de São Paulo para resolver as pendências políticas que poderiam inviabilizar ‘o grito’. Ao perceber a pressão da corte, principalmente depois que o marido se recusou a voltar para o país natal, Leopoldina fez como toda mulher: tratou de resolver o imbróglio. Convocou o Conselho de Estado do Rio de Janeiro e assinou, em 2 de setembro, um decreto que declarava o Brasil oficialmente separado de Portugal.